quinta-feira, 2 de julho de 2009

Contextos de Alfabetização na Aula



O texto "Contextos de Alfabetização na Aula" é de autoria de Ana Teberosky e Núria Ribera.

Este texto fala sobre como se dá a alfabetização na sala de aula. As autoras iniciam dizendo que, há algum tempo atrás, acreditava-se que a criança ingressava sem possuir nenhum conhecimento sobre linguagem. Nenhum tipo de conhecimento era anterior à escola. As crianças eram como "tabulas rasas", segundo a teoria empirista, e necessitavam de uma preparação para o aprendizado. Desconstruindo essa teoria, as autoras afirmam existir o construtivismo e o socioconstrutivismo, defendendo a tese de que cada criança possui, sim, um conhecimento que é anterior ao ambiente escolar.

Antes mesmo de ingressar na escola, a criança tem contato com o mundo letrado. Ela vê placas, outdoors, folhetos, jornais, receitas, livros... Todo esse contato com materiais escritos faz com que a criança não seja vazia de conhecimentos. Ela conhece o código mas ainda não decodifica. Sendo assim, a criança, quando têm acesso à escola, ela possui uma bagagem construída pela interação com o material escrito e com aqueles que já são leitores e escritores. Esse conhecimento é adquirido pelas informações provenientes do ambiente familiar, em uma perspectiva construtivista, e pelo estimulo de um adulto interventor nesse mesmo ambiente, além dessas informações, em uma perspectiva socioconstrutivista.

É inegável o fato de que, quanto maior for o contato da criança com materiais escritos, leitores e escritores, maior será sua bagagem, porém isso não quer dizer que crianças provenientes de famílias pobres ou filhos de pais analfabetos não possuirão nenhum conhecimento antes da escola.

A alfabetização se inicia com esse contato, com essa troca, com as experiências vividas pela criança. Segundo as autoras, em sala de aula, a criança aprende a ler a partir da sua interação com o texto escrito e da relação que faz entre texto e objeto. O texto não deve ser vazio de significado. Ao apresentar um texto ao aluno, o professor não deve restringir-se à leitura somente. As atividades feitas após a leitura do texto deixam o mesmo repleto de significado, fazendo-o deixar de ser um mero texto, e abrem espaço para outros tipos de conhecimentos.

A criança também aprende ao observar as ações de um leitor em relação aos textos. Através das atitudes de um adulto, observam a relação entre escrita e imagem, semelhanças e diferenças, significados, e, a partir daí, novos conhecimentos serão construídos. A leitura de um texto em voz alta por um adulto, a criança tem contato com novas palavras, incrementando assim seu vocabulário.

Quando a criança dita ao professor o que quer dizer, enquanto o mesmo transcreve suas palavras em um papel, o aluno pode fazer a associação entre o que ele quis dizer e o código que o professor utilizou para reproduzir tal texto. A escrita ganha novos significados. A aprendizagem se dá, também, através das perguntas feitas pela criança associadas às resposta recebida, como forma de obter informação, pela tentativa de escrita, mesmo que ainda não se domine o código e pela produção de textos, criando significados para os códigos impressos (tanto letras quanto a pontuação), para os espaços em branco, títulos, etc.

Enfim, para que a alfabetização de fato aconteça, é necessário que a criança tenha contato com a palavra escrita mesmo antes de decodificá-la. A alfabetização precisa sair do campo teórico e passar para o prático. Dessa forma, o ato de ler fará sentido e dará sentido a um mundo de signos antes desconhecidos.

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