sexta-feira, 22 de maio de 2009

Discussões sobre alfabetizção

Na terceira aula, que aconteceu no dia 30 de abril, nós conversamos sobre o texto “Processos Iniciais de Leitura e Escrita”, de Rosineide Magalhães de Sousa. Pra mim, esse texto não poderia ter sido estudado em melhor hora. Tinha acabado de conhecer a turma na qual lecionaria [lecionarei!] até o fim deste ano. Uma turma de segundo ano, a antiga primeira série, com alunos entre “7 e 10” anos, onde mais da metade deles não sabe ler! Fiquei um tanto quanto surpresa. Na verdade, uma surpresa bem inocente, pois eu já deveria imaginar isso. Mas, voltando ao texto... (em homenagem ao Professor Ivan Amaro, acabei de fazer uma digressão... Sozinha! [risos])

O texto mencionado acima é, basicamente, uma síntese dos elementos que constituem a alfabetização, especialmente da criança de 6 anos. É um texto que, apesar de não ser tão denso, é muito rico em informações e auxílio aos professores alfabetizadores. Sendo assim, vou procurar ‘sintetizar a síntese’ da autora.

Ela inicia seu trabalho dizendo que, antes de aprender a ler palavras, as crianças aprendem a ler um mundo de imagens, sons e cores diferentes. A leitura não acontece somente no universo escolar. Diz, também, que a criança aprende muito com a leitura oral de um texto. Explorar a produção oral de textos espontâneos leva a criança a perceber a “relação de sentido na construção da linguagem dos textos, de forma lógica e coerente”, segundo Rosineide.

A autora segue dizendo que é primordial que a criança saiba escrever seu nome. A construção da identidade é exercício fundamental para que aconteça, de fato, a alfabetização. Rosineide ainda salienta que “o nome é a nossa identidade”.

Enfim, o processo de alfabetização não se dá em um ambiente alheio à vida da criança. Aliás, a escola não é alheia à vida do aluno, ao contrário, deve estar intimamente ligada à mesma. Antes de decodificar a escrita, o aluno lê rótulos, placas, cores. Portanto, cada atividade feita com o propósito de alfabetizar deve ser envolvente e prazerosa, para que a leitura seja sempre um ato de satisfação e divertimento.


Agora, quero continuar esse post com minhas considerações pessoais acerca do texto e do que tenho vivido. Peço a todos que não se espantem com o fato de o meu BLOG estar se transformando em uma espécie de diário não-secreto. [risos]

Para nos tornarmos professores, estudamos tanto e tantas vezes nos são apresentadas ‘coisas’ como manuais contendo dicas do que fazer ou não fazer dentro de uma sala de aula. Nada contra as leituras que fazemos ou com a autora acima. Pra mim, são leituras esclarecedoras, que ultrapassam meros receituários e me auxiliam muito em meu trabalho. Concordo com tudo o que foi parafraseado (mais uma homenagem ao Ivan!) aqui acima. E é por concordar que faço a seguinte pergunta: por que a educação -pública- não dá certo? Sei que não posso generalizar e talvez esteja falando bobagens, mas é uma pergunta que tenho vivido. Quero compartilhar com vocês minha nova experiência. Como já disse, leciono em uma turma de segundo ano, com trinta alunos. Desses trinta alunos, treze lêem, precisando de algum reforço; sete não lêem, mas conhecem as letras; e dez (DEZ!!) não lêem, não conhecem as letras e, alguns deles, também não fazem exercícios de coordenação motora. Daí, me pergunto (e a quem quiser responder): o que fizeram estas crianças na escola durante os anos anteriores? Sim, porque eles passaram pela escola (a mesma escola) nos outros anos, segundo professores da escola. Aliás, tenho certeza de que isso não acontece só comigo. É só observar os dados coletados pela Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro, através do Provão realizado pela mesma.
Dados do Provão - Rio de Janeiro

O texto que discutimos fala da importância de saber o nome. Saber escrever, reconhecer o nome, elemento principal da construção da identidade. Tive contato, agora, com crianças, ditas alfabetizadas, que nem o próprio nome escrevem. O que fazem os educadores que passam por essas turmas como tais, como educadores? É lógico que atribuir a culpa da não-alfabetização a um ou outro não vai solucionar nada, até pelo fato de não somente professor e aluno influenciarem a alfabetização. Mas, eu acho que sempre há algo que possa ser feito. Esse texto me auxiliou muito a ter novas idéias de como trabalhar com essa turma, a saber por onde começar.

Talvez, meu olhar sobre a educação ainda seja muito ingênuo, mas eu penso que, como educadora, eu tenho que me mobilizar para que algo seja mudado, pelo menos naqueles que passarão por mim no processo educativo. Que seja ingênuo! Porém, no final de tudo, quero ter a certeza de que eu tentei, e fiz.

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